" Me exploravam" única medalhista olímpica do Irã deixa o país


Quase quatro anos depois de fazer história no Rio de Janeiro, a iraniana Kimia Alizadeh anunciou que está deixando o seu país. Em um post revoltado no Instagram, a atleta do taekwondo disparou contra o regime de Teerã. No Irã, a atleta ganhou o apelido popular de “O Tsunami”. No Rio de Janeiro, ela conquistou o bronze no taekwondo na categoria até 57kg.
“Deixe-me começar com uma saudação, uma despedida ou condolências”, escreveu a atleta. “Eu sou uma das milhões de mulheres oprimidas no Irã com quem eles brincam há anos. Eles me levavam para onde queriam. Eles usavam tudo o que eu dizia. Tudo o que eles me mandavam dizer, eu dizia. Eles me exploravam”, alegou ela.
“Eu não era importante para eles. Nenhum de nós importava para eles. Nós éramos ferramentas”, continuou Alizadeh. A atleta disse ainda que o regime iraniano fazia questão de celebrar as medalhas dos atletas. Mas internamente, sempre dificultou a presença de mulheres nos esportes. Isso explicaria, ainda segundo ela, a pouca presença feminina nas delegações olímpicas iranianas.

Longa discussão

Relatos de que a atleta poderia desertar de seu país não são bem uma novidade. Desde a última quinta-feira (9), informações de que a atleta poderia deixar o país ficaram mais fortes na imprensa. Mas na sexta-feira (10), o chefe da Federação Iraniana de Taekwondo, Mohammad Pouladgar, afirmou que tratava-se de uma mentira. De acordo com ele, Kimia sairia do país apenas em férias.
Ainda de acordo do Pouladgar, os “boatos” teriam sido criados pela mídia estrangeira como parte de um objetivo maior de desacreditar o regime iraniano. Vale lembrar que o Irã encheu as páginas de política internacional nos últimos dias. Tudo por causa de uma grande tensão militar do país com os Estados Unidos.
Mas, ao contrário do que afirmou o presidente, a deserção se confirmou neste sábado (11). De acordo com a atleta, ela “não queria se sentar à mesa da hipocrisia, mentira, injustiça e bajulação do governo iraniano”. Além disso, ainda de acordo com ela, aceitar isso seria o equivalente a ser cúmplice de “corrupção e mentira”.

“Continuo sendo filha do Irã”

Apesar das críticas, a atleta disse que a decisão de deixar o país foi mais difícil do que conquistar a medalha olímpica em 2016. “Meu espírito conturbado não se encaixa nos seus laços econômicos sujos e lobbies políticos apertados. Não desejo nada além de Taekwondo, segurança e uma vida feliz e saudável. Mas continuo sendo filha do Irã onde quer que esteja”, afirmou.
O post termina com um aviso ao governo do Irã. “O Irã continuará a perder mulheres mais fortes, a menos que aprenda a capacitá-las e apoiá-las”, explicou. A atleta preferiu não dizer para qual país da Europa estava indo.
Com informações torcedores.com

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